sexta-feira, novembro 18, 2005

Diário de viagem (Cuba) - parte 17



Chegado ao quarto pousei a minha comida em cima de uma mesa,
peguei na minha maquina fotografica e dirigi-me imediatamente
para a varanda, dava para observar quase toda a praia, tinha uma
vista bastante previlegiada, estive algum tempo a observar o mar,
mas como nada de estranho ainda se passava regressei a sala para
seguir os acontecimentos pela televisao, sem nunca deixar de ver
o que se passava na rua, durante esse tempo joguei as cartas, ouvi
musica, mas sempre atento ao que se passava na televisao, as
ultimas noticias davam conta de que o charlie iria atingir a costa
cubana mais tarde do que o inicialmente previsto (que era para ser
por volta das 20 horas da noite), que o olho (centro) do furacao
passaria a cerca de 80 km para la de Havana, como eu estava a
aproximadamente 100 km de Havana, o centro do charlie passaria
a aproximadamente 180 km do sitio onde eu estava e que os ventos
atingiriam velocidades na ordem dos 180/190 km por hora.
Por volta das 19 horas e 30 minutos dirigi-me novamente a varanda,
o tempo estava pior , ja chuvia bem e o vento soprava com mais
intensidade, tirei as minhas primeiras fotografias, estive na varanda,
mas acabei por regressar a sala, as ultimas noticias eram de que o
charlie estava "atrasado", porque a sua velocidade tinha diminuido,
(as vezes basta apanhar umas correntes contrarias para isso
acontecer), mas e sempre uma situaçao imprevisivel porque de um
momento para o outro podia acontecer o inverso, a medida que o
tempo ia passando (ja passava das 20 horas da noite) a ansiedade
aumentava e o charlie aproximava-se cada vez mais, regressei a
varanda e pude constatar que o vento tinha aumentado, cada vez
chuvia mais e ja se viam os claroes provocados pelos relampagos
em pleno mar, mas ainda estavam muito longe, depois de tirar mais
umas fotos (ficaram quase todas estragadas) aquele espectaculo
provocado pela força da natureza regressei mais uma vez a sala para
comer qualquer coisa e acompanhar novamente os acontecimentos
pela televisao, as ultimas novidades eram de que o charlie chegaria
por volta das 23/24 horas. Passado algum tempo começaram-se a
ouvir os primeiros relampagos, fui de imediato ate a varanda e la ao
longe, em pleno mar, ja se viam nitidamente os relampagos a
rasgarem os ceus e a cairem no mar, posso dizer que e um espectaculo
lindissimo, mas que mete muito respeito, nessa altura senti-me uma
coisa insignificante, muito pequenino, em comparaçao com o que
estava a assistir, o homem tem um bocado a mania que controla tudo,
mas naquela situaçao deu para ver que a força da natureza e muito,
mas mesmo muito superior, e algo com o qual nao se deve brincar,
entretanto como o furacao estava "atrasado" e o tempo acalmou um
pouco, decidi regressar ao meu quarto para descansar, e assim fiz,
posso dizer que foi uma das noites em que dormi melhor, e que quase
nao dei pela passagem do furacao, que entretando ja tnha perdido muita
da sua força, mas soube no dia seguinte que a parte pior da passagem
do charlie aconteceu por volta das 4 horas da manha .
(continua)